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Cachorros: domesticação, evolução e genética!!!

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André Fonseca
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Cachorros: domesticação, evolução e genética!!!

#1 Mensagem por André Fonseca »

"Raposa domesticada aponta origem do cão

Por clipping

Um novo estudo está colocando uma peça importante num quebra-cabeças que deve atormentar todos os possuidores de um vira-latas: como um carnívoro selvagem pode virar o melhor amigo do homem? Desta vez, porém, a pista veio não de cães, mas de raposas domesticadas. Tudo indica que mudanças na ativação de alguns poucos genes no cérebro foram capazes de transformar os bichos, de anti-sociais que eram, em totós de primeira.

O trabalho, coordenado pela argentina naturalizada sueca Elena Jazin, da Universidade de Uppsala, faz parte de uma série de achados intrigantes feitos com raposas-prateadas criadas em cativeiro por russos desde 1959.

Ninguém estava interessado em transformar os bichos em cachorrinhos – os russos queriam mesmo era a pele delas -, mas os criadores acabaram fazendo o que pecuaristas humanos fazem há milênios com outras espécies: selecionando os animais de acordo com uma característica desejada: mansidão, no caso (eles não queriam ser mordidos).

As décadas se passaram e, no processo, os fazendeiros da Sibéria criaram não apenas uma raça de raposas que se deixava manusear com docilidade por humanos, mas que também que era estranhamente “cachorresca”. Os bichos manifestavam uma bizarra tendência a serem malhados, como muitos cães domésticos (mas nenhuma raposa), a terem orelhas caídas e caudas enroladas.

De quebra, testes comportamentais mostraram que a linhagem era tão capacitada para entender sinais feitos por pessoas – como dedos apontando e olhares em determinada direção- quanto a maioria dos cachorros. Isso pode parecer uma bobagem, mas tal talento cria um verdadeiro abismo entre os cães e todos os outros animais, inclusive os grandes macacos, os parentes mais próximos da humanidade.

A pergunta de Jazin e seus colegas da Suécia era até que ponto essas mudanças brutais de comportamento tinham a ver com alterações na bioquímica do cérebro. Para isso, eles estudaram alguns exemplares da linhagem mansa que foram trazidos da Rússia pela Universidade Norueguesa de Ciências da Vida. Os bichos foram comparados com raposas selvagens e com outras de cativeiro, mas que não foram selecionadas para serem mansas.

O que o grupo levou em conta nessa comparação foi a chamada expressão gênica, uma medida de quanto certo gene está ativo, baseada na quantidade de cópias de mRNA, ou RNA mensageiro. Essa molécula faz a ponte entre a informação “pura” contida no DNA e a proteína, que realiza realmente as funções na célula e tem sua “receita” escrita nos genes. Quanto mais cópias de “seu” mRNA circulam, mais ativo está um gene.

A análise investigou os genes ativos no tecido cerebral, percebendo que a diferença entre as raposas da raça mansa e as demais era ridiculamente pequena – não mais que 40 seqüências de mRNA. “Vários parecem pertencer í mesma família de genes, então, muito provavelmente, a quantidade total de genes (diferentemente expressados é menor que 40)”, explica Jazin.

Ela conta que ainda não foi possível peneirar as seqüências em busca de suas funções específicas, mas algumas, previsivelmente, parecem estar ligadas ao processamento dos opióides – um tipo de neurotransmissor, ou mensageiro químico cerebral.

Para Jazin, o estudo ajuda a mostrar que “mudanças em poucos genes no cérebro podem ser capazes de induzir grandes mudanças comportamentais”. Há quem proponha exatamente esse tipo de evolução – em relativamente poucos genes, e em sua expressão – para explicar a diferença entre seres humanos e chimpanzés, apesar da semelhança entre o DNA de ambos ser de cerca de 99%. A pesquisadora, porém, diz ser complicado fazer esse tipo de extrapolação com os dados atuais, em razão das grandes diferenças ambientais entre humanos e seus parentes mais próximos, que também poderiam ter grande efeito sobre a expressão gênica. (Reinaldo José Lopes/ Folha Online)"

Acabo de assistir um documentário de 2009 da BBC sobre a relação entre os Cães e o Homem, que explica exatamente essa experiência dos russos. Paralelamente com as Raposas "mansas" foi feito um controle com animais de agressividade "normal" e, com o passar dos anos e de muitas gerações, nenhuma alteração ocorreu, tanto comportamental quanto morfológica. Isso explica o fato dos Cães serem "mansos" com os Humanos e possuírem várias e várias raças. As Raposas "mansas" começaram a apresentar alterações já a partir da oitava geração, claro sinal de domesticação. Esse documentário aponta que com os Lobos ocorreu a mesma coisa, onde os indivíduos mais "mansos" passaram a seguir as populações de caçadores Humanos aproveitando as sobras das caçadas e, mais algum tempo depois, ajudando na própria caçada.

Interessante também é que os cientistas russos trocaram as ninhadas, colocando filhotes de Raposas "mansas" com fêmeas "agressivas" e filhotes de Raposas "agressivas" com fêmeas mansas. O resultado foi que os filhotes "mansos" continuaram "mansos", mesmo sendo criados por mães "agressivas", e os filhotes "agressivos" permaneceram "agressivos", apesar de criados por mães "mansas". Nesse ponto, já se descartou que o comportamento materno tivesse alguma interferência na criação dos filhotes.

Outro ponto interessante desse documentário relata que os Cães evoluíram pelo Homem. Os Cães estão tão bem adaptados ao "meio ambiente Humano" que são os únicos animais que conseguem interpretar tanto gestos (como relatado no texto acima) quanto expressões faciais dos Humanos. Coisas que os Macacos, nossos "primos", não conseguem fazer. Essa relação é tão "especializada" que os Cães observam nossas "feições" da mesma forma que outros Humanos: quando vemos um rosto de outra pessoa, mais de 95% das vezes olhamos para o nosso lado esquerdo (direito do rosto da outra pessoa), com os Cães o resultado foi exatamente o mesmo, pois eles também olham para a esquerda, observam nosso lado direito do rosto.

E essa relação com os Cães não termina aí, já que nós também estamos evoluindo justamente para o “lado” dos Cães. Numa outra experiência, ficou constatado que o Homem é capaz de identificar com exatidão 8 tipos diferentes de latidos!!!
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