Corais da costa Brasileira
Enviado: 28 Jul 2009, 22:48
1. Stephanocoenia michelini
Este coral forma colônias com forma sub-esférica, foliaris incrustantes e com pólipos de coloração verde esmeralda. Laborel (1969a) menciona a ocorrência dessa especie na baia de Todos os Santos. A colônia descrita mede aproximadamente 7 x 15 cm e foi encontrada emprofundidades em torno de 2 m . Outras ocorrências assinaladas por esse autor se referem a amostras obtidas em dragagens efetuadas na costa nordeste do Brasil, em profundidades acima de 30 m, e no recife do Lixa, na região de Abrolhos. Hetzel e Castro (1994) assinalam a presenca, embora para deste coral nos recifes do litoral sul da Bahia.
2. Madracis decactis
Quatro populações diferentes estão descritas na costa do Brasil: duas populações fotófilas, encontradas em profundidades variando entre 3 e 10 m; uma população de zonas sombreadas, habitando profundidades de 10 e 20 m e uma população sub-recifal, encontrada em profundidades acima de 30 m. As formas de águas rasas tropicais apresentam colônias de forma piramidal ou colunar, que crescem em crostas sucessivas mais espessas e mais densas que as colônias das populações de aguas mais frias, podendo atingir dimensões máximas em torno de 30 cm de diâmetro. Em geral cor da colônia viva é marrom clara. A população das águas rasas subtropicais das regiões deAngra dos Reis e Ilha Grande (Rio de Janeiro) forma colônias densas com lobos dicotômicos e as populações da região de Ubatuba e São Sebastião (São Paulo) formam colônias leves, frágeis e pouco calcificadas. As colônias da população de águas de profundidades intermediárias (10 a 20 m) encontradas ao longo do litoral das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha são globosas, pouco lobadas, com cerca de 5 cm de diâmetro. A colônia viva tem uma coloração lilás clara. As formas sub-recifais têm colônias incrustantes e coloração arroxeada. O diâmetro dos cálices varia entre 1,0 e 1,5 mm, sendo que as espécies fotófilas das regiões tropicais têm os cálices maiores do que aquelas das zonas subtropicais e das regiões sub-recifais.
É uma espécie sensível a águas com alta turbidez. Juntamente com a espécie Mussismilia hispida são os corais brasileiros que apresentam a mais ampla distribuição geográfica, pois ocorrem desde bancos na costa da cidade de Fortaleza , no estado do Ceará, e no arquipelago de Fernando de Noronha, até Santa Catarina.
3. Agaricia agaricites
Esta espécie forma colônias de forma e tamanho variados, incrustantes e com bordas estreitas e livres . Os cálices têm tamanhos que variam entre 1,0 e 1,6 mm e apresentam uma média de 16 séptos. A columela é profunda e pouco visível. É uma espécie recifal, fotófila e apresenta uma certa sensibilidade ís variações ambientais com relação ao grau de luminosidade e de energia das águas. As formas de águas claras e energia moderada apresentam tamanhos relativamente grandes (até 15 cm de diâmetro) e crostas com bordas mais livres que aquelas de ambientes com forte luminosidade e de águas agitadas, que têm formas mais ou menos globulares e são relativamente pequenas (alguns poucos centímetros de diâmetro). As formas de ambientes com luminosidade e energia intermediárias apresentam características morfológicas que variam entre as duas formas referidas. A cor das colônias vivas é comumente marrom esverdeado e algumas vezes marrom claro.
Este coral ocorre desde os recifes das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas até a região de Abrolhos, em águas com profundidades entre 0 e 20 m e temperatura em torno de 27ºC.
4. Agaricia fragilis
Esta espécie difere de Agaricia agaricites por apresentar características morfológicas e ambientais bastante distintas. A colônia tem uma forma de taça aberta e pediculada ou de um disco fixado com uma pequena base central. Os cálices têm diâmetros entre 1,6 e 1,8 mm, com uma média de 16 séptos e a columela é constante e bem visível. Esta espécie habita as zonas sombreadas de águas com temperatura entre 20 e 25º C e as zonas sub-recifais com profundidade acima de 30 m. A colônia do coral das zonas sombreadas, de águas mais rasas, é mais compacta e sólida, podendo atingir tamanhos de até 30 cm de diâmetro. A colônia das águas profundas é menor, mais delicada e mais frágil. A coloração do animal vivo é verde ou amarronzada.
Esta espécie foi encontrada nos recifes mais externos de Abrolhos e em dragagens realizadas em águas com profundidade acima de 30 m nas costas dos estados do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia.
5. Siderastrea stellata
Coral com colônia maciça mais ou menos esférica. Bastante semelhante ís espécies caribenhas porém, com cálices um pouco maiores, séptos mais delicados e espaços interseptais mais largos. Este coral apresenta uma variação morfológica que distingue as colônias de águas rasas daquelas de águas mais profundas (superiores a 5 m). As colônias vivas que vivem em águas muito rasas têm uma coloração avermelhada, são geralmente pequenas (diâmetro de 5 a 10 cm), têm os cálices com diâmetro de 2 a 3 mm, arredondados, profundos e o quarto ciclo de séptos é incompleto.
As colônias de águas mais profundas têm uma coloração amarelada, são maiores (diâmetro superior a 20 cm) e possuem os cálices com diâmetro em torno de 5 mm, mais abertos, pouco profundos, aproximadamente hexagonais e aparece um quinto ciclo de séptos pequenos, soldados ao ciclo antecedente. Nas poças do topo dos recifes, em águas com temperatura e teor de turbidez altos, pequenas colônias deste coral apresentam uma forma achatada, como um disco, e com uma coloração avermelhada viva.
Espécie endêmica das águas brasileiras, apresentando afinidades com as espécies caribenhas. Está amplamente distribuída na área de Abrolhos e em toda a costa do Estado da Bahia, particularmente nos recifes do litoral ao norte da cidade do Salvador. Em Abrolhos tem um papel secundário na construção da estrutura dos recifes devido, segundo Laborel (1969a), í provável competição por espaço com a espécie Mussismilia braziliensis. Ao norte do rio São Francisco este coral é abundante chegando a formar, na costa do Estado do Rio Grande do Norte, construções recifais monoespecíficas. Ocorre na costa das ilhas de Fernando de Noronha e no Atol das Rocas, sendo seu limite norte de ocorrência o Estado de Piauí. Ao sul de Abrolhos, onde as águas vão se tornando mais frias, esta espécie torna-se mais rara, as colônias são menores e desaparece completamente na altura de Cabo Frio, na costa do Estado do Rio de Janeiro. Segundo dados de Hetzel e Castro (1994) existem registros de colonias dessa especie recobrindo vários metros quadrados na praia da Tartaruga, em Búzios, no litoral do Rio de Janeiro.
6. Porites branneri
As colônias deste coral são incrustações de tamanhos relativamente pequenos, podendo atingir até 15 cm de diâmetro, são raramente maciças e nunca ramosas e com uma cor amarronzada. Os cálices são muito pequenos , com diâmetros de 1,0 a 1,5 mm e caraterizados pela presença de cinco minúsculas `estacas', formando um anel central que substitui a columela.
Esta espécie ocorre em toda a costa tropical do Brasil, desde os recifes imersos da costa dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, e de Pernambuco e das ilhas de Fernando de Noronha. É rara na costa do Estado da Bahia e foi registrada na costa dos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro e na ilha de Trindade.
7. Porites astreoides
Coral com colônias inicialmente incrustantes e que, quando maiores, formam massas sólidas de tamanhos variados podendo atingir ate 50 cm de diametro. Têm uma forma mais ou menos hemisférica e apresentam protuberâncias naturais. Os cálices medem aproximadamente 1,5 mm de diâmetro e possuem uma columela central. Têm a colora,cão amarela ou marrom amarelada. É comum nesta espécie a presença de cirrípedos parasitas. Laborel (1969a) descreve duas populações distintas: a população `A', comum em Fernando de Noronha, na costa do Estado de Pernambuco e em Abrolhos, apresenta colônias com formas maciças e ocorre em águas claras e agitadas e, a população `B', que forma colônias menos densas e ligeiramente foliáceas, com coloração mais escura e encontrada em lugares protegidos.
Este espécie parece resistir bem a uma turbidez moderada. De acordo com Hetzel e Castro (1994) esta espécie ocorre desde o Estado do Rio Grande do Norte, Fernando de Noronha, Atol das Rocas, até o Estado do Espírito Santo.
8. Favia gravida
Esta espécie tem as colônias sólidas, esféricas e hemisféricas de coloração marrom claro ou amarelado. Os cálices são desiguais, arredondados, ovais ou alongados e muitas vêzes deformados. Devido í grande variedade na forma dos cálices, Laborel (1969a) descreve três tipos diferentes, tipos 1, 2, e 3, cada um apresentando mais três variações morfológicas, denominadas formas A, B e C. O tipo 1 têm os cálices simples, mais ou menos equidimensionais; no tipo 2 alguns cálices são ovais e pouco alongados e, o tipo 3 se caracteriza pelo alongamento acentuado dos cálices com uma forte meandrinização. As três variações encontradas dentro de cada um desses tipos dizem respeito í parede lateral dos cálices. Na forma A as paredes laterais se confundem e os cálices estão bastante próximos uns dos outros; na forma B, intermediária, as paredes têm 1 a 2 mm de espessura e, a forma C possui os cálices bastante separados e um pouco elevados. Com respeito aos tipos 1,2 e 3, Laborel (1969a) observou que o tipo 1 caracteriza os ambientes de águas calmas; o tipo 2 é encontrado em águas com profundidades intermediárias (2 a 15 m), e o tipo 3 caracteriza águas agitadas em lugares bastante rasos. Quanto ís características das formas A, B e C, elas parecem estar relacionadas ís condições de oxigenação, turbidez e poluição das águas. A forma A, com cálices maiores e mais abertos, indica águas turvas ou poluídas, a forma C, com os cálices estreitos e de paredes laterais espessas, corresponde a ambientes com condições favoráveis (águas claras e bem oxigenadas) e, a forma B, í condições intermediárias. Os corais de águas muito agitadas têm forma hemisférica pois desenvolvem uma área de fixação mais ampla com relação íquelas que vivem em ambientes de águas calmas.
Esta espécie é bastante resistente ís variações das condições ambientais, particularmente com respeito í temperatura, salinidade e turbidez das águas. Juntamente com a espécie Siderastrea stellata são os corais mais comuns nas poças rasas do topo emerso dos recifes de coral costeiros e mesmo nos substratos não recifais que afloram ao longo das praias. É uma espécie endêmica da fauna brasileira, mostrando afinidades com as espécies presentes na área caribenha. Está registrada desde os recifes da costa do Estado do Ceará, Atol das Rocas e Arquipelago de Fernando de Noronha até a costa do Estado do Espírito Santo. Abundante nas partes rasas dos recifes de Abrolhos, da ilha de Itaparica e do litoral norte da Bahia, e registrada também na ilha de Trindade.
9. Favia leptophylla
As colônias dessa espécie são maciças, mais ou menos esféricas, com tamanhos que variam de 10 cm a 1 m de diâmetro. Os cálices são irregulares e apresentam paredes laterais bem desenvolvidas. Apresentam três ciclos de séptos completos e um quarto incompleto. A cor da colônia viva é de um bege-claro a esverdeada. É uma espécie endêmica da fauna coralínea brasileira, apresentando características arcaicas com grande afinidade com espécies de idade eocênica do Caribe. Esta espécie está referida apenas na costa do Estado da Bahia. É abundante na área de Abrolhos, em águas com profundidades entre 3 e 15 m e rara na frente do recife da ilha de Itaparica em profundidades em torno de 4 m.
10. Montastrea cavernosa
Apresenta colônias maciças com uma pequena variação morfológica em relação í profundidade das águas. As formas das zonas rasas são freqüentemente hemisféricas e ís vezes colunares, porém aquelas encontradas nas paredes laterais dos recifes, em profundidades superiores a 5 m, adquirem uma forma franjada e, í partir dos 20 m, tornam-se achatadas e incrustantes. Os cálices são bastante regulares e apresentam paredes laterais espessas. A cloração do animal vivo varia de um marrom amarelado a um marrom arroxeado nos corais localizados nas zonas sombreadas. A espécie está registrada desde os recifes localizados na costa das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha até o litoral do Espírito Santo. Existe referência da sua ocorrência em profundidades que variam entre 1 m (ilha de Itaparica) até cerca de 80 m (Banco Vitória). Os dados sobre a ocorrência deste coral descrevem a preferência da espécie por águas relativamente claras e calmas.
11. Astrangia braziliensis
Espécie de pequeno porte, cálices separados e com dimensões máximas de 7 mm de diâmetro e 5 mm de altura. Dentes septais fortes e papiliformes. A colônia viva tem coloração laranja amarronzada e pode ocorrer incrustando conchas e fragmentos esqueletais. Esta espécie é endêmica do Brasil, tendo afinidades com a fauna caribenha. Está registrada na costa do Estado de Pernambuco, na baía de Todos os Santos, e na área dos recifes de Abrolhos, em águas que apresentam uma turbidez moderada, comumente protegida dentro de tocas
12. Astrangia rathbuni
Esta espécie distingue-se da espécie Astrangia braziliensis por apresentar uma lâmina basal que une os cálices entre si e por sua distribuição geográfica. A colônia viva tem uma coloração amarronzada clara e cálices medindo, em média, 2 mm de diâmetro. Está registrada ao sul da região recifal brasileira, desde a costa do Estado do Rio de Janeiro até a costa do Estado de Santa Catarina, em profundidades entre alguns poucos metros até 90 m, comumente fixando-se em fragmentos esqueletais.
14. Meandrina braziliensis
Esta espécie têm colônias com formas aproximadamente hemisféricas baixas ou elípticas alongadas. Duas variações morfológicas caracterizam esta espécie. Uma livre, vivendo no fundo móvel, em águas muito rasas (2 a 4 m) ou em profundidades maiores (30 a 60 m) e, uma outra, fixa no substrato recifal. A forma livre de águas profundas têm as dimensões do eixo maior bem mais acentuadas que aquelas do eixo menor e possuem os séptos mais delicados que as formas de águas rasas. Espécimens medindo 20 de comprimento e 8 cm de largura foram coletados no fundo da baía de Todos os Santos. Várias medidas realizadas em diversos exemplares da forma fixa, oriundos dos recifes da ilha de Itaparica e da área de Abrolhos, variam em torno de 5 x 9 cm, 4 x 6 cm e 3x 5 cm. A cor dos organismos vivos varia do marrom amarelado nas colônias de águas mais rasas, ao vermelho escuro, naquelas de águas mais profundas.
Esta espécie está registrada em águas rasas, abrigadas, na costa do Estado da Bahia e, em águas profundas (30 a 60 m), em toda a costa do Brasil, desde o Estado do Ceará até a altura de Cabo Frio no Estado do Rio de Janeiro. Os registros da ocorrência desta espécie sugerem susceptibilidade para as águas agitadas.
15. Mussismilia harttii
Esta espécie apresenta os cálices separados, de forma dicotômica, sem formar ramos laterais. Três diferentes variações morfólogicas são descritas por Laborel (1969a)como as variedades laxa, intermédia e confertifolia. A variedade laxa tem os cálices bastante separados e caracteriza os ambientes de águas mais calmas. A variedade confertifolia apresenta os cálices pouco separados e é comumente encontrada em águas mais agitadas e, a variedade intermédia, abrange todas as formas que não apresentam as características extremas das variedades laxa e confertifolia. A colônia viva apresenta coloração variada em tons de cinza, amarelo, verde e marrom. Esta é uma espécie endêmica da fauna coralínea brasileira. Apresenta características arcaicas tendo afinidade com espécies presentes no período Terciário da bacia sedimentar do Mediterrâneo. Ela ocorre desde a costa do Estado do Rio Grande do Norte, nas ilhas de Fernando de Noronha, até a costa do Estado do Espírito Santo. Parece competir por espaço com a Mussismilia braziliensis, pois ela é rara onde a M. braziliensis é abundante, como por exemplo, na área de Abrolhos, e é um construtor primário nos recifes da costa do estado de Pernambuco, onde a M. braziliensis está ausente. Ocorre em águas rasas (2 a 3 m), resitindo bem í turbidez moderada e, também, registrada em águas mais profundas (15 a 30 m e ocasionalmente 80 m).
16. Mussismilia braziliensis
Este coral forma colônias maciças, comumente globulares, podendo ocorrer formas hemisféricas, e fortemente presas no substrato. Podem atingir até mais de 1 m de diâmetro. Os cálices são relativamente pequenos (8 a 10 mm de diâmetro) e poligonais; a columela é reduzida, os séptos são delicadas e o quarto ciclo é incompleto. Nas colônias de tamanhos grandes observa-se uma tendência í formação de cálices mais ou menos alongados, com mais de três centros columelares e com aspecto submeandroide. As colônias vivas têm a coloração cinza e amarela esbranquiçada. Esta espécie, com as espécies M. harttii e M. hispida, são endêmicas da fauna brasileira, com características arcaicas, próximas ís espécies de idade miocênica da bacia do Mediterrâneo. Juntamente com Favia leptophylla, são as duas espécies que mostram o maior confinamento geográfico, pois são registradas apenas nos recifes da costa do Estado da Bahia, sendo o principal construtor das partes altas dos recifes da área deAbrolhos e da costa norte do estado. No recife da ilha de Itaparica formas mais ou menos esféricas medindo 5 a 10 cm de diâmetro são encontradas nas poças e canais do corpo recifal. Na frente do recife, em águas com profundidade em torno de 5 m, colônias de tamanhos maiores (máximo 0,50 m) podem apresentar uma forma com aspecto campanular. Nos recifes do litoral norte da Bahia, esta espécie ocorre em profundidades entre 4 e 10 m.
O registro da espécie mostra a sua preferência por águas relativamente rasas (inferiores a 20 m) e limpas.
17. Mussismilia hispida
A colônia desta espécie tem uma forma hemisférica baixa, com diâmetro máximo em torno de 40 cm; é pouco aderente ao substrato e o animal vivo tem uma coloração que varia entre cinza claro, verde e azul. Difere da espécie Mussismilia braziliensis por apresentar os cálices maiores (cerca de 15 mm de diâmetro), arredondados, mais de quatro ciclos de séptos, columela bem desenvolvida. Laborel (1969a) subdivide esta espécie em duas sub-espécies geográficas: Mussismilia hispida ssp tenuisepta abrangendo as formas de séptos mais delicados e habitantes dos recifes localizados na costa das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha e Atol das Rocas e os recifes da costa do Estado do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e Mussismilia hispida ssp hispida, encontrada na costa dos estados da Bahia e do Rio de Janeiro e, em Ubatuba e São Sebastião, no Estado de São Paulo.
Considerando-se as duas sub-espécies: tenuisepta e hispida, este coral e a espécie Madracis decactis apresentam a maior distribuição geográfica na costa brasileira, pois ocorrem do Atol das Rocas até a costa do Estado de São Paulo. É uma espécie endêmica do Brasil, apresentando características afins com espécies européias de idade miocênica.
18. Scolymia welsii
Espécie não colonial constituida portanto de um pólipo simples que habita um cálice profundo, de forma circular ou elíptica e, ís vezes, um pouco deformada. Apresenta dimensões que podem alcancar até 7cm de diâmetro para as formas circulares, e 6 x 4 cm para as formas elípticas. Columela bem denvolvida. Cinco ciclos de séptos completos e um sexto ciclo incompleto. Os três primeiros ciclos atingem a columela e os três seguintes são curvos e se soldam aos primeiros. As formas vivas apresentam uma coloração verde forte, cinza, ou violeta escura. Espécie endêmica do Brasil, tendo afinidades com a fauna coralínea dos recifes caribenhos. É uma espécie comum nas partes sombreadas dos recifes da costa do Estado de Pernambuco e da área de Abrolhos, em águas calmas e claras, sempre acompanhada da espécie Agaricia fragilis e da forma fixa de Meandrina braziliensis. Está também registrada em profundidades entre 50 e 80 m, na costa do Estado de Pernambuco e no banco Vitória na costa do Estado do Espírito Santo.
HIDROCORAIS
1. Millepora alcicornis
Este hidrocoral forma colônias comumente ramosas ou, mais raramente, incrustantes. Laborel (1969a) descreve três variedades dessa espécie, que estão relacionadas com a energia e o teor de turbidez das águas. A variedade cellulosa tem ramos abundantes, ís vezes coalescentes e com terminações agudas; é comumente encontrada nas bordas e nas partes altas dos recifes em zonas de alta energia ou em águas de turbidez moderada. A variedade digitata é a forma mais comum da espécie, com ramos digitiformes, curtos e ligeiramente comprimidos, e a variedade fenestrata tem os ramos delicados, sempre coalescentes, deixando numerosas aberturas. Esta última forma é abundante em águas relativamente claras e calmas. A forma encrustante forma crostas baixas sobre as superfícies mortas dos recifes ou podem incrustar o talo axial, córneo, das gorgônias. Esta espécie têm coloração parda e amarelo amarronzada quando viva.
É abundante em águas com profundidades inferiores a 15 m, sendo uma importante construtora das partes altas dos recifes. Ocorre desde a costa do Estado do Ceará, ilhas de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, até a costa do Estado do Rio de Janeiro.
2. Millepora nitida
As colônias são robustas com ramos curtos e em forma de forquilha com pontas arredondadas. A colônia viva têm a coloração rósea ou amarronzada. É uma espécie endêmica das águas brasileiras e sua ocorrência está registrada apenas na costa da Bahia, sendo comum nas poças e canais mais profundos dos recifes da área de Abrolhos.
3. Millepora braziliensis
Esta espécie apresenta uma colônia maciça com ramos laterais espessos, achatados e comumente coalescentes lateralmente, formando placas mais ou menos contínuas Na área de Abrolhos, as colônias dessa espécie formam massas, mais ou menos compactas, com cerca de 2 a 3 m de diâmetro, e comumente localizadas abaixo da zona de Millepora alcicornis. Nas outras áreas as colônias são menores e mais esparsas. É uma espécie endêmica do Brasil, estando sua ocorrência registrada desde a costa do Estado do Rio Grande do Norte até a costa do Estado do Espírito Santo.
4. Stylaster roseus
De acordo com as descrições de Hetzel e Castro (1994) este hydrocoral forma pequenas colonias, com no máximo 7 cm de altura por 11 cm de largura. Stylaster roseus apresenta ramos com aspecto serrilhado. É comum em profundidades variadas, em lugares protegidos. Sua occorência está registrada nas ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha, e ao longo do litoral desde Pernambuco até a Bahia.
Este coral forma colônias com forma sub-esférica, foliaris incrustantes e com pólipos de coloração verde esmeralda. Laborel (1969a) menciona a ocorrência dessa especie na baia de Todos os Santos. A colônia descrita mede aproximadamente 7 x 15 cm e foi encontrada emprofundidades em torno de 2 m . Outras ocorrências assinaladas por esse autor se referem a amostras obtidas em dragagens efetuadas na costa nordeste do Brasil, em profundidades acima de 30 m, e no recife do Lixa, na região de Abrolhos. Hetzel e Castro (1994) assinalam a presenca, embora para deste coral nos recifes do litoral sul da Bahia.
2. Madracis decactis
Quatro populações diferentes estão descritas na costa do Brasil: duas populações fotófilas, encontradas em profundidades variando entre 3 e 10 m; uma população de zonas sombreadas, habitando profundidades de 10 e 20 m e uma população sub-recifal, encontrada em profundidades acima de 30 m. As formas de águas rasas tropicais apresentam colônias de forma piramidal ou colunar, que crescem em crostas sucessivas mais espessas e mais densas que as colônias das populações de aguas mais frias, podendo atingir dimensões máximas em torno de 30 cm de diâmetro. Em geral cor da colônia viva é marrom clara. A população das águas rasas subtropicais das regiões deAngra dos Reis e Ilha Grande (Rio de Janeiro) forma colônias densas com lobos dicotômicos e as populações da região de Ubatuba e São Sebastião (São Paulo) formam colônias leves, frágeis e pouco calcificadas. As colônias da população de águas de profundidades intermediárias (10 a 20 m) encontradas ao longo do litoral das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha são globosas, pouco lobadas, com cerca de 5 cm de diâmetro. A colônia viva tem uma coloração lilás clara. As formas sub-recifais têm colônias incrustantes e coloração arroxeada. O diâmetro dos cálices varia entre 1,0 e 1,5 mm, sendo que as espécies fotófilas das regiões tropicais têm os cálices maiores do que aquelas das zonas subtropicais e das regiões sub-recifais.
É uma espécie sensível a águas com alta turbidez. Juntamente com a espécie Mussismilia hispida são os corais brasileiros que apresentam a mais ampla distribuição geográfica, pois ocorrem desde bancos na costa da cidade de Fortaleza , no estado do Ceará, e no arquipelago de Fernando de Noronha, até Santa Catarina.
3. Agaricia agaricites
Esta espécie forma colônias de forma e tamanho variados, incrustantes e com bordas estreitas e livres . Os cálices têm tamanhos que variam entre 1,0 e 1,6 mm e apresentam uma média de 16 séptos. A columela é profunda e pouco visível. É uma espécie recifal, fotófila e apresenta uma certa sensibilidade ís variações ambientais com relação ao grau de luminosidade e de energia das águas. As formas de águas claras e energia moderada apresentam tamanhos relativamente grandes (até 15 cm de diâmetro) e crostas com bordas mais livres que aquelas de ambientes com forte luminosidade e de águas agitadas, que têm formas mais ou menos globulares e são relativamente pequenas (alguns poucos centímetros de diâmetro). As formas de ambientes com luminosidade e energia intermediárias apresentam características morfológicas que variam entre as duas formas referidas. A cor das colônias vivas é comumente marrom esverdeado e algumas vezes marrom claro.
Este coral ocorre desde os recifes das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas até a região de Abrolhos, em águas com profundidades entre 0 e 20 m e temperatura em torno de 27ºC.
4. Agaricia fragilis
Esta espécie difere de Agaricia agaricites por apresentar características morfológicas e ambientais bastante distintas. A colônia tem uma forma de taça aberta e pediculada ou de um disco fixado com uma pequena base central. Os cálices têm diâmetros entre 1,6 e 1,8 mm, com uma média de 16 séptos e a columela é constante e bem visível. Esta espécie habita as zonas sombreadas de águas com temperatura entre 20 e 25º C e as zonas sub-recifais com profundidade acima de 30 m. A colônia do coral das zonas sombreadas, de águas mais rasas, é mais compacta e sólida, podendo atingir tamanhos de até 30 cm de diâmetro. A colônia das águas profundas é menor, mais delicada e mais frágil. A coloração do animal vivo é verde ou amarronzada.
Esta espécie foi encontrada nos recifes mais externos de Abrolhos e em dragagens realizadas em águas com profundidade acima de 30 m nas costas dos estados do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia.
5. Siderastrea stellata
Coral com colônia maciça mais ou menos esférica. Bastante semelhante ís espécies caribenhas porém, com cálices um pouco maiores, séptos mais delicados e espaços interseptais mais largos. Este coral apresenta uma variação morfológica que distingue as colônias de águas rasas daquelas de águas mais profundas (superiores a 5 m). As colônias vivas que vivem em águas muito rasas têm uma coloração avermelhada, são geralmente pequenas (diâmetro de 5 a 10 cm), têm os cálices com diâmetro de 2 a 3 mm, arredondados, profundos e o quarto ciclo de séptos é incompleto.
As colônias de águas mais profundas têm uma coloração amarelada, são maiores (diâmetro superior a 20 cm) e possuem os cálices com diâmetro em torno de 5 mm, mais abertos, pouco profundos, aproximadamente hexagonais e aparece um quinto ciclo de séptos pequenos, soldados ao ciclo antecedente. Nas poças do topo dos recifes, em águas com temperatura e teor de turbidez altos, pequenas colônias deste coral apresentam uma forma achatada, como um disco, e com uma coloração avermelhada viva.
Espécie endêmica das águas brasileiras, apresentando afinidades com as espécies caribenhas. Está amplamente distribuída na área de Abrolhos e em toda a costa do Estado da Bahia, particularmente nos recifes do litoral ao norte da cidade do Salvador. Em Abrolhos tem um papel secundário na construção da estrutura dos recifes devido, segundo Laborel (1969a), í provável competição por espaço com a espécie Mussismilia braziliensis. Ao norte do rio São Francisco este coral é abundante chegando a formar, na costa do Estado do Rio Grande do Norte, construções recifais monoespecíficas. Ocorre na costa das ilhas de Fernando de Noronha e no Atol das Rocas, sendo seu limite norte de ocorrência o Estado de Piauí. Ao sul de Abrolhos, onde as águas vão se tornando mais frias, esta espécie torna-se mais rara, as colônias são menores e desaparece completamente na altura de Cabo Frio, na costa do Estado do Rio de Janeiro. Segundo dados de Hetzel e Castro (1994) existem registros de colonias dessa especie recobrindo vários metros quadrados na praia da Tartaruga, em Búzios, no litoral do Rio de Janeiro.
6. Porites branneri
As colônias deste coral são incrustações de tamanhos relativamente pequenos, podendo atingir até 15 cm de diâmetro, são raramente maciças e nunca ramosas e com uma cor amarronzada. Os cálices são muito pequenos , com diâmetros de 1,0 a 1,5 mm e caraterizados pela presença de cinco minúsculas `estacas', formando um anel central que substitui a columela.
Esta espécie ocorre em toda a costa tropical do Brasil, desde os recifes imersos da costa dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, e de Pernambuco e das ilhas de Fernando de Noronha. É rara na costa do Estado da Bahia e foi registrada na costa dos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro e na ilha de Trindade.
7. Porites astreoides
Coral com colônias inicialmente incrustantes e que, quando maiores, formam massas sólidas de tamanhos variados podendo atingir ate 50 cm de diametro. Têm uma forma mais ou menos hemisférica e apresentam protuberâncias naturais. Os cálices medem aproximadamente 1,5 mm de diâmetro e possuem uma columela central. Têm a colora,cão amarela ou marrom amarelada. É comum nesta espécie a presença de cirrípedos parasitas. Laborel (1969a) descreve duas populações distintas: a população `A', comum em Fernando de Noronha, na costa do Estado de Pernambuco e em Abrolhos, apresenta colônias com formas maciças e ocorre em águas claras e agitadas e, a população `B', que forma colônias menos densas e ligeiramente foliáceas, com coloração mais escura e encontrada em lugares protegidos.
Este espécie parece resistir bem a uma turbidez moderada. De acordo com Hetzel e Castro (1994) esta espécie ocorre desde o Estado do Rio Grande do Norte, Fernando de Noronha, Atol das Rocas, até o Estado do Espírito Santo.
8. Favia gravida
Esta espécie tem as colônias sólidas, esféricas e hemisféricas de coloração marrom claro ou amarelado. Os cálices são desiguais, arredondados, ovais ou alongados e muitas vêzes deformados. Devido í grande variedade na forma dos cálices, Laborel (1969a) descreve três tipos diferentes, tipos 1, 2, e 3, cada um apresentando mais três variações morfológicas, denominadas formas A, B e C. O tipo 1 têm os cálices simples, mais ou menos equidimensionais; no tipo 2 alguns cálices são ovais e pouco alongados e, o tipo 3 se caracteriza pelo alongamento acentuado dos cálices com uma forte meandrinização. As três variações encontradas dentro de cada um desses tipos dizem respeito í parede lateral dos cálices. Na forma A as paredes laterais se confundem e os cálices estão bastante próximos uns dos outros; na forma B, intermediária, as paredes têm 1 a 2 mm de espessura e, a forma C possui os cálices bastante separados e um pouco elevados. Com respeito aos tipos 1,2 e 3, Laborel (1969a) observou que o tipo 1 caracteriza os ambientes de águas calmas; o tipo 2 é encontrado em águas com profundidades intermediárias (2 a 15 m), e o tipo 3 caracteriza águas agitadas em lugares bastante rasos. Quanto ís características das formas A, B e C, elas parecem estar relacionadas ís condições de oxigenação, turbidez e poluição das águas. A forma A, com cálices maiores e mais abertos, indica águas turvas ou poluídas, a forma C, com os cálices estreitos e de paredes laterais espessas, corresponde a ambientes com condições favoráveis (águas claras e bem oxigenadas) e, a forma B, í condições intermediárias. Os corais de águas muito agitadas têm forma hemisférica pois desenvolvem uma área de fixação mais ampla com relação íquelas que vivem em ambientes de águas calmas.
Esta espécie é bastante resistente ís variações das condições ambientais, particularmente com respeito í temperatura, salinidade e turbidez das águas. Juntamente com a espécie Siderastrea stellata são os corais mais comuns nas poças rasas do topo emerso dos recifes de coral costeiros e mesmo nos substratos não recifais que afloram ao longo das praias. É uma espécie endêmica da fauna brasileira, mostrando afinidades com as espécies presentes na área caribenha. Está registrada desde os recifes da costa do Estado do Ceará, Atol das Rocas e Arquipelago de Fernando de Noronha até a costa do Estado do Espírito Santo. Abundante nas partes rasas dos recifes de Abrolhos, da ilha de Itaparica e do litoral norte da Bahia, e registrada também na ilha de Trindade.
9. Favia leptophylla
As colônias dessa espécie são maciças, mais ou menos esféricas, com tamanhos que variam de 10 cm a 1 m de diâmetro. Os cálices são irregulares e apresentam paredes laterais bem desenvolvidas. Apresentam três ciclos de séptos completos e um quarto incompleto. A cor da colônia viva é de um bege-claro a esverdeada. É uma espécie endêmica da fauna coralínea brasileira, apresentando características arcaicas com grande afinidade com espécies de idade eocênica do Caribe. Esta espécie está referida apenas na costa do Estado da Bahia. É abundante na área de Abrolhos, em águas com profundidades entre 3 e 15 m e rara na frente do recife da ilha de Itaparica em profundidades em torno de 4 m.
10. Montastrea cavernosa
Apresenta colônias maciças com uma pequena variação morfológica em relação í profundidade das águas. As formas das zonas rasas são freqüentemente hemisféricas e ís vezes colunares, porém aquelas encontradas nas paredes laterais dos recifes, em profundidades superiores a 5 m, adquirem uma forma franjada e, í partir dos 20 m, tornam-se achatadas e incrustantes. Os cálices são bastante regulares e apresentam paredes laterais espessas. A cloração do animal vivo varia de um marrom amarelado a um marrom arroxeado nos corais localizados nas zonas sombreadas. A espécie está registrada desde os recifes localizados na costa das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha até o litoral do Espírito Santo. Existe referência da sua ocorrência em profundidades que variam entre 1 m (ilha de Itaparica) até cerca de 80 m (Banco Vitória). Os dados sobre a ocorrência deste coral descrevem a preferência da espécie por águas relativamente claras e calmas.
11. Astrangia braziliensis
Espécie de pequeno porte, cálices separados e com dimensões máximas de 7 mm de diâmetro e 5 mm de altura. Dentes septais fortes e papiliformes. A colônia viva tem coloração laranja amarronzada e pode ocorrer incrustando conchas e fragmentos esqueletais. Esta espécie é endêmica do Brasil, tendo afinidades com a fauna caribenha. Está registrada na costa do Estado de Pernambuco, na baía de Todos os Santos, e na área dos recifes de Abrolhos, em águas que apresentam uma turbidez moderada, comumente protegida dentro de tocas
12. Astrangia rathbuni
Esta espécie distingue-se da espécie Astrangia braziliensis por apresentar uma lâmina basal que une os cálices entre si e por sua distribuição geográfica. A colônia viva tem uma coloração amarronzada clara e cálices medindo, em média, 2 mm de diâmetro. Está registrada ao sul da região recifal brasileira, desde a costa do Estado do Rio de Janeiro até a costa do Estado de Santa Catarina, em profundidades entre alguns poucos metros até 90 m, comumente fixando-se em fragmentos esqueletais.
14. Meandrina braziliensis
Esta espécie têm colônias com formas aproximadamente hemisféricas baixas ou elípticas alongadas. Duas variações morfológicas caracterizam esta espécie. Uma livre, vivendo no fundo móvel, em águas muito rasas (2 a 4 m) ou em profundidades maiores (30 a 60 m) e, uma outra, fixa no substrato recifal. A forma livre de águas profundas têm as dimensões do eixo maior bem mais acentuadas que aquelas do eixo menor e possuem os séptos mais delicados que as formas de águas rasas. Espécimens medindo 20 de comprimento e 8 cm de largura foram coletados no fundo da baía de Todos os Santos. Várias medidas realizadas em diversos exemplares da forma fixa, oriundos dos recifes da ilha de Itaparica e da área de Abrolhos, variam em torno de 5 x 9 cm, 4 x 6 cm e 3x 5 cm. A cor dos organismos vivos varia do marrom amarelado nas colônias de águas mais rasas, ao vermelho escuro, naquelas de águas mais profundas.
Esta espécie está registrada em águas rasas, abrigadas, na costa do Estado da Bahia e, em águas profundas (30 a 60 m), em toda a costa do Brasil, desde o Estado do Ceará até a altura de Cabo Frio no Estado do Rio de Janeiro. Os registros da ocorrência desta espécie sugerem susceptibilidade para as águas agitadas.
15. Mussismilia harttii
Esta espécie apresenta os cálices separados, de forma dicotômica, sem formar ramos laterais. Três diferentes variações morfólogicas são descritas por Laborel (1969a)como as variedades laxa, intermédia e confertifolia. A variedade laxa tem os cálices bastante separados e caracteriza os ambientes de águas mais calmas. A variedade confertifolia apresenta os cálices pouco separados e é comumente encontrada em águas mais agitadas e, a variedade intermédia, abrange todas as formas que não apresentam as características extremas das variedades laxa e confertifolia. A colônia viva apresenta coloração variada em tons de cinza, amarelo, verde e marrom. Esta é uma espécie endêmica da fauna coralínea brasileira. Apresenta características arcaicas tendo afinidade com espécies presentes no período Terciário da bacia sedimentar do Mediterrâneo. Ela ocorre desde a costa do Estado do Rio Grande do Norte, nas ilhas de Fernando de Noronha, até a costa do Estado do Espírito Santo. Parece competir por espaço com a Mussismilia braziliensis, pois ela é rara onde a M. braziliensis é abundante, como por exemplo, na área de Abrolhos, e é um construtor primário nos recifes da costa do estado de Pernambuco, onde a M. braziliensis está ausente. Ocorre em águas rasas (2 a 3 m), resitindo bem í turbidez moderada e, também, registrada em águas mais profundas (15 a 30 m e ocasionalmente 80 m).
16. Mussismilia braziliensis
Este coral forma colônias maciças, comumente globulares, podendo ocorrer formas hemisféricas, e fortemente presas no substrato. Podem atingir até mais de 1 m de diâmetro. Os cálices são relativamente pequenos (8 a 10 mm de diâmetro) e poligonais; a columela é reduzida, os séptos são delicadas e o quarto ciclo é incompleto. Nas colônias de tamanhos grandes observa-se uma tendência í formação de cálices mais ou menos alongados, com mais de três centros columelares e com aspecto submeandroide. As colônias vivas têm a coloração cinza e amarela esbranquiçada. Esta espécie, com as espécies M. harttii e M. hispida, são endêmicas da fauna brasileira, com características arcaicas, próximas ís espécies de idade miocênica da bacia do Mediterrâneo. Juntamente com Favia leptophylla, são as duas espécies que mostram o maior confinamento geográfico, pois são registradas apenas nos recifes da costa do Estado da Bahia, sendo o principal construtor das partes altas dos recifes da área deAbrolhos e da costa norte do estado. No recife da ilha de Itaparica formas mais ou menos esféricas medindo 5 a 10 cm de diâmetro são encontradas nas poças e canais do corpo recifal. Na frente do recife, em águas com profundidade em torno de 5 m, colônias de tamanhos maiores (máximo 0,50 m) podem apresentar uma forma com aspecto campanular. Nos recifes do litoral norte da Bahia, esta espécie ocorre em profundidades entre 4 e 10 m.
O registro da espécie mostra a sua preferência por águas relativamente rasas (inferiores a 20 m) e limpas.
17. Mussismilia hispida
A colônia desta espécie tem uma forma hemisférica baixa, com diâmetro máximo em torno de 40 cm; é pouco aderente ao substrato e o animal vivo tem uma coloração que varia entre cinza claro, verde e azul. Difere da espécie Mussismilia braziliensis por apresentar os cálices maiores (cerca de 15 mm de diâmetro), arredondados, mais de quatro ciclos de séptos, columela bem desenvolvida. Laborel (1969a) subdivide esta espécie em duas sub-espécies geográficas: Mussismilia hispida ssp tenuisepta abrangendo as formas de séptos mais delicados e habitantes dos recifes localizados na costa das ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha e Atol das Rocas e os recifes da costa do Estado do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e Mussismilia hispida ssp hispida, encontrada na costa dos estados da Bahia e do Rio de Janeiro e, em Ubatuba e São Sebastião, no Estado de São Paulo.
Considerando-se as duas sub-espécies: tenuisepta e hispida, este coral e a espécie Madracis decactis apresentam a maior distribuição geográfica na costa brasileira, pois ocorrem do Atol das Rocas até a costa do Estado de São Paulo. É uma espécie endêmica do Brasil, apresentando características afins com espécies européias de idade miocênica.
18. Scolymia welsii
Espécie não colonial constituida portanto de um pólipo simples que habita um cálice profundo, de forma circular ou elíptica e, ís vezes, um pouco deformada. Apresenta dimensões que podem alcancar até 7cm de diâmetro para as formas circulares, e 6 x 4 cm para as formas elípticas. Columela bem denvolvida. Cinco ciclos de séptos completos e um sexto ciclo incompleto. Os três primeiros ciclos atingem a columela e os três seguintes são curvos e se soldam aos primeiros. As formas vivas apresentam uma coloração verde forte, cinza, ou violeta escura. Espécie endêmica do Brasil, tendo afinidades com a fauna coralínea dos recifes caribenhos. É uma espécie comum nas partes sombreadas dos recifes da costa do Estado de Pernambuco e da área de Abrolhos, em águas calmas e claras, sempre acompanhada da espécie Agaricia fragilis e da forma fixa de Meandrina braziliensis. Está também registrada em profundidades entre 50 e 80 m, na costa do Estado de Pernambuco e no banco Vitória na costa do Estado do Espírito Santo.
HIDROCORAIS
1. Millepora alcicornis
Este hidrocoral forma colônias comumente ramosas ou, mais raramente, incrustantes. Laborel (1969a) descreve três variedades dessa espécie, que estão relacionadas com a energia e o teor de turbidez das águas. A variedade cellulosa tem ramos abundantes, ís vezes coalescentes e com terminações agudas; é comumente encontrada nas bordas e nas partes altas dos recifes em zonas de alta energia ou em águas de turbidez moderada. A variedade digitata é a forma mais comum da espécie, com ramos digitiformes, curtos e ligeiramente comprimidos, e a variedade fenestrata tem os ramos delicados, sempre coalescentes, deixando numerosas aberturas. Esta última forma é abundante em águas relativamente claras e calmas. A forma encrustante forma crostas baixas sobre as superfícies mortas dos recifes ou podem incrustar o talo axial, córneo, das gorgônias. Esta espécie têm coloração parda e amarelo amarronzada quando viva.
É abundante em águas com profundidades inferiores a 15 m, sendo uma importante construtora das partes altas dos recifes. Ocorre desde a costa do Estado do Ceará, ilhas de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, até a costa do Estado do Rio de Janeiro.
2. Millepora nitida
As colônias são robustas com ramos curtos e em forma de forquilha com pontas arredondadas. A colônia viva têm a coloração rósea ou amarronzada. É uma espécie endêmica das águas brasileiras e sua ocorrência está registrada apenas na costa da Bahia, sendo comum nas poças e canais mais profundos dos recifes da área de Abrolhos.
3. Millepora braziliensis
Esta espécie apresenta uma colônia maciça com ramos laterais espessos, achatados e comumente coalescentes lateralmente, formando placas mais ou menos contínuas Na área de Abrolhos, as colônias dessa espécie formam massas, mais ou menos compactas, com cerca de 2 a 3 m de diâmetro, e comumente localizadas abaixo da zona de Millepora alcicornis. Nas outras áreas as colônias são menores e mais esparsas. É uma espécie endêmica do Brasil, estando sua ocorrência registrada desde a costa do Estado do Rio Grande do Norte até a costa do Estado do Espírito Santo.
4. Stylaster roseus
De acordo com as descrições de Hetzel e Castro (1994) este hydrocoral forma pequenas colonias, com no máximo 7 cm de altura por 11 cm de largura. Stylaster roseus apresenta ramos com aspecto serrilhado. É comum em profundidades variadas, em lugares protegidos. Sua occorência está registrada nas ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha, e ao longo do litoral desde Pernambuco até a Bahia.