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tem esta materia do MIozzo, posto já com previo consentimento do autor:
Desnitrificação
Aquário com substrato de leito profundo com "areia" de Halimeda spp.
A colocação de animais no aquário tem importância razoável no processo, uma vez que animais que revolvem lenta mas permanentemente o substrato de fundo (geralmente detritívoros como pequenos pepinos do mar) e pequenos pagurídeos e ofiuróides formam um grupo de animais que reciclam matéria orgânica e restos de alimento oferecido aos peixes.
Outros animais ainda, que parecem simplesmente “brotar” por conta própria no aquário – na verdade, migrantes das rochas vivas – como uma verdadeira miríade de vermes, anfípodas e copépodes.
Além disso, ocorre a formação de colônias de bactérias de diversas espécies e cepas, que colonizarão o substrato de fundo de acordo com sua adaptabilidade í taxa de oxigênio dissolvido do meio.
As espécies e cepas de microrganismos que necessitam de alta taxa de oxigênio dissolvido na água formarão colônias na camada mais superficial do substrato de fundo, até cerca de 6 cm, e nas rochas do aquário (dependendo da porosidade da rocha usada, a profundidade que a colonização ocorrerá varia muito).
Abaixo dos 6 cm de profundidade, microrganismos de outras espécies e cepas formarão colônias no substrato de fundo.
A variedade de espécies e cepas desses microrganismos, dado que o aquário seja montado com substrato apropriado de profundidade mínima de 12 cm, proprocionará ao aquarista observar que o ciclo de nitrogênio típico nos sistemas aquáticos é resolvido de maneira “natural”, ao ponto de não ocorrer acúmulo do produto final de tal ciclo – os nitratos.
A partir deste ponto, levarei em conta apenas o substrato de fundo, tirando da equação as rochas do aquário. A razão para isso é simplificar a explanação sobre o processo de “desnitrificação”.
Interessante notar que por conta dos animais que habitam o substrato de fundo e do movimento de água imediatamente acima da camada de substrato de fundo, existe razoável variação de disponibilidade de oxigênio dissolvido verificável no leito de fundo.
Disponibilidade de oxigênio no leito de substrato causado por animais e efeito de advecção
O ciclo do nitrogênio no aquário é bastante conhecido, e é a base do que se habituou chamar de “biologia” do aquário.
Ofiúro vermelho, uma espécie importada de grande valor ornamental que também ajuda a limpar o fundo do aquário, se alimentando de restos do que é oferecido aos peixes
De forma bastante conscisa, o ciclo biológico do aquário é efetivado por micro e macro oganismos que formam colônias em qualquer superfície do aquário e decompõem matéria orgânica e inorgânica. O processo de conversão de aminoacidos em amônia é efetuado por microganismos heterotróficos num processo chamado de mineralização. Microrganismos autotróficos convertem amônia em nitrito e nitrato - o processo de nitrificação.
Ambos processos dependem da existência de alta taxa de oxigênio dissolvido na água, por isso são chamados de processos de oxidação.
espécies variadas de paguros que permanecem suficientemente pequenos - limpam a camada superficial do substrato e a revolvem permanentemente mas sem perturbar o leito
O produto final desse processo é o nitrato.
Além desse ponto, passamos ao processo de desnitrificação.
A desnitrificação é possível em aquários marinhos quando existem organismos que se utilizam de nitratos para cumprir alguma função de seus processos metabólicos. Algas, plantas como árvores de mangue e uma vasta gama de outros organismos podem absorver nitrato diretamente da água. Dentre todos os organismos consumidores de nitratos, porém, os que se destacam são bactérias capazes de viver em ambientes com baixo nível de oxigênio dissolvido – justamente aquelas que habitarão a enorme superfície disponível do substrato de fundo abaixo de 6 cm de profundidade. Esse processo é chamado de redução dissimilatória de nitratos, a desnitrificação, onde bactérias reduzem nitratos para nitritos, depois para os gases di-nitrogênio e óxido nitroso. Esses gases são liberados na água e atingem a superfície do aquário, sendo dissipados na atmosfera ou são absorvidos por cianobactérias.
Ao contrário da nitrificação, a desnitrificação libera na água íons hidroxila, que ajudam a elevar o pH da água e por conseqüência manter a reserva alcalina equilibrada.
Por fim, existem muitas possíveis causas para a formação de bolsões de hidrogênio sulfídrico no substrato de dundo, citando apenas como dois exemplos manutenção do aquário indequada e material inapropriado (tipo de areia, cascalho, etc).
A formação desses bolsões não depende da profundidade do leito de substrato de fundo. Dependendo do material usado, pode ocorrer mesmo em leitos de pouca profundidade.
No entanto, apenas a súbita liberação de H2S na água, causada por uma eventual “explosão” do bolsão de gás formado causaria graves problemas ao aquário e seus habitantes. Se o aquário for montado e mantido de forma adequada, sempre haverá liberação de hidrogênio sulfídrico na água, mas em pequenas, permamentes e inofensivas quantidades.
O enxofre, parte do hidrogênio sulfídrico, tem importante papel no aquário e para seus habitantes, pois é um dos componentes da água.
Um sistema montado com essas características realmente resolve o problema de acúmulo de nitratos na água por alguns motivos muito simples:
1 – Existe enorme superfície disponível para a fixação de bactérias e outros microorganismos (ainda mais se somada íquela da rocha viva).
2 – O sistema, por ser muito dinâmico, é capaz de “consumir” o nitrato produzido no aquário de forma tal que o “saldo”de nitratos na água seja equivalente a “zero”. Esse comentário é muito importante, pois sempre haverá nitratos sendo “produzidos” no aquário, e se o sistema for bem montado, funcionará a contento. O conceito de “nitrato zero” é um “saldo” apenas, e não quer dizer que a água do aquário nunca tem nitratos. Muitos organismos do aquário não sobreviveriam sem nitratos.
3 – Dispensa-se, com o uso de um sistema como o apresentado, toda uma série de equipamentos e métodos de redução de nitratos, resolvendo a questão sem trabalho nenhum por parte do aquarista e de maneira eficiente e econômica – além do “approach” muito mais natural do que todas as opções que conheço para solucionar o acúmulo de NO3 na água do aquário.
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